Pesquisadores da Unimar propõem forma inovadora de classificação de micro e pequenas empresas.
Estudo revela que critérios atuais utilizados por instituições públicas e centros de pesquisa para agrupar organizações, em relação ao seu porte e ao tempo de existência, são confusos e prejudiciais.
Uma pesquisa inédita desenvolvida ao longo de cinco anos por docentes da Universidade de Marília (Unimar) propõe uma mudança fundamental na forma como micro e pequenas empresas são classificadas no Brasil e no mundo. O estudo, conduzido pelos pelos docentes do Programa de Pós-Graduação em Administração de Organizações Inovadoras (PPGA), José Osvaldo De Sordi e Carlos Francisco Bitencourt Jorge, revelou que os critérios atuais utilizados por instituições públicas e centros de pesquisa para agrupar organizações quanto ao porte e ao tempo de existência são confusos e, muitas vezes, prejudicam a formulação de políticas públicas eficazes.
Segundo os pesquisadores, o conceito generalizado de “small and medium-sized enterprises” (SMEs) ou simplesmente “empresas não grandes” agrupa, de forma inadequada, organizações com perfis e necessidades muito diferentes. O professor doutor José Osvaldo De Sordi, explica a inovação da pesquisa, “Constatamos a existência do mito da ‘non-large enterprise’, que cria um rótulo genérico para todas as empresas que não são grandes, sem considerar suas particularidades de porte e estágio de vida”
Os resultados do estudo apontam que a sociedade, incluindo bancos, fornecedores e instituições de crédito, reconhece uma empresa como estabelecida apenas após 42 meses de operação contínua. Antes disso, o empreendimento ainda é considerado de alto risco e carente de histórico. “Aos zero anos, uma empresa é praticamente invisível do ponto de vista social e econômico. Não tem histórico de pagamentos ou entregas. Isso exige um tratamento diferenciado, mais justo e acolhedor”, completa De Sordi.
A proposta dos pesquisadores é clara, desenvolver um sistema normativo que trate de forma distinta as organizações distintas com equidade, e não com igualdade simplista. Isso permitiria que políticas públicas fossem mais bem direcionadas e eficazes, apoiando de forma concreta o crescimento sustentável dos empreendimentos nascente e em desenvolvimento.
Para o coordenador do PPGA da Unimar, o professor Carlos Jorge, a pesquisa reforça o compromisso do programa com a produção de conhecimento aplicável, inovador e com impacto social. “Estamos falando de uma contribuição que pode redefinir o modo como governos e instituições enxergam e apoiam as micro e pequenas empresas. Essa é a missão de um programa inovador, produzir ciência com relevância”, destaca.
A pesquisa resultou na publicação de três artigos científicos em revistas de alto impacto internacional, como o Journal of Small Business and Enterprise Development e o European Business Review. Dois destes artigos também foram apresentados no principal congresso internacional de Administração, o Annual Meeting of Academy of Management.
A pró-reitora de Graduação, Pesquisa e Pós-Graduação da Unimar, professora Dra. Fernanda Mesquita Mesquita Serva, celebra a relevância da pesquisa. “Este trabalho reforça o papel da universidade na construção de soluções para os desafios reais da sociedade. É um orgulho ver nossos docentes promovendo debates que influenciam diretamente a formulação de políticas públicas e o fortalecimento do setor produtivo”, afirma.
O projeto ainda reforça a importância de olhar para os pequenos negócios com mais precisão e sensibilidade. Como concluem os autores José Osvaldo e Carlos Jorge, é preciso compreender que “nem toda pequena empresa é igual, e tratá-las como se fossem traz consequências práticas sérias para o seu desenvolvimento”.
Seja o primeiro a comentar!